Quais os tipos de fundo e como eles influenciam o surf

01/11/2021
    • Langai
  •  

     

     

    O jeito como uma onda vai quebrar numa praia ou pico, se ela vai ser cheia ou cavada, ou se ela vai quebrar rápido ou devagar, vai depender, quase que exclusivamente, do fundo daquele local. Por isso é super importante conhecer os lugares que surfamos e entender essa dinâmica.

    A gente já deu uma "palhinha" sobre isso aqui nesse post. Se você ainda não o leu, a gente super recomenda, por que ele pode te ajudar a entender melhor algumas coisas que vamos falar aqui.

     

    _o básico, pra entender 

     

    Como a gente já falou, as ondas se formam muito longe da costa, em oceano aberto e elas podem viajar milhares de quilômetros até chegar na costa. Mas elas apenas empinam e quebram quando entram em contato com o fundo, em águas rasas. A partir do momento em que elas quebram, é o momento em que conseguimos surfá-las. 

    E dependendo de como é o fundo em determinado local, vamos ter ondas que quebram com formações diferentes. De modo geral: fundos de areia fina produzem ondas mais cheias e, seguindo uma ordem, fundos de areia mais grossa, até fundos de pedra e corais, tendem a produzir ondas mais tubulares e cavadas.  

    Ou seja: 

    • Quanto mais fina for a areia ou o material do fundo, menos a onda empina: tendência a formar ondas mais cheias ou gordinhas (boas para iniciantes). 
    • Quanto maior ou mais grosso for o material do fundo, mais a onda empina: tendência a formar ondas mais tubulares ou cavadas (boas para pessoas que querem avançar mais no surf). 

    Outro fator que influencia, além do tipo do fundo, é a declividade da praia e as diferenças de profundidade. Lembre-se: a onda quebra quando encontra uma diferença de profundidade da parte mais funda para a mais rasa. 

    Vamos explicar como cada um desse fundos funcionam. Existem basicamente três tipos de fundo: de areia (ou "beach breaks"), de coral (ou "reef breaks"), e de pedra (ou "point breaks").

     

    _Fundo de areia (beach break) 

     

    Quase todo o litoral brasileiro surfável é de fundo de areia. Como a areia é um material muito "móvel", o fundo de areia está constantemente mudando devido a ressacas, tempestades e correntes. 

    Como a quebra das ondas depende da profundidade e tipo do fundo, numa praia onde o fundo é de areia, é muito comum que, com a retirada de areia de um lugar e depósito em outros, as ondas nem sempre vão quebrar no mesmo lugar.

    E por isso mesmo também é muito difícil prever como vão estar as ondas em praias de fundo de areia. Podemos prever as ondulações e os ventos, mas é muito difícil saber como está o fundo. O lado bom dos fundos de areia é a segurança na hora de tomar um caldo ou uma vaca, pois machuca bem menos do que cair em cima de pedras ou corais, sendo perfeitas para iniciantes. 

    Outra característica dos beach breaks é que os fundos geralmente são pouco inclinados, ou seja, a diferença de profundidade de quando uma onda vem se aproximando de águas profundas até águas rasas é muito pequena. Nesse caso, a ondulação vem empinando aos poucos e formando ondas cheias, mais lentas e mais suaves, que são condições ótimas pra que está aprendendo a surfar.

    Uma exceção onde ocorrem ondas mais cavadas ou tubulares em beach breaks são em locais onde há bancadas de areia (imagine um pequeno morro de areia no fundo de uma praia, mas que fica submerso), onde há uma diferença de profundidade muito grande entre o fundo e a bancada. Nesse caso, quando uma ondulação chegando na costa encontra com esse banco de areia, o "susto" é tão grande que a onda empina rapidamente e fica mais cavada, podendo formar um tubo. 

    Como o fundo é móvel, praias com fundo de areia dificilmente originam um canal. Ou seja, para remar até o outside, você vai ter que passar pela zona de arrebentação das ondas. Esteja com o bracinho em dia! 
    Alguns exemplos no Brasil onde encontramos fundo de areia são na Barra da Tijuca e Praia da Macumba (RJ) e praticamente todas as praias da cidade do Rio, Praia do Rosa (SC), Maresias (SP), e Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha, entre muitas outras. No mundo, alguns dos lugares mais famosos são Puerto Escondido (México), Hossegor (França) e Keramas (Indonésia).

     

    _Fundo de pedra (point break) 

     

    Por ser um fundo de pedra, é muito mais estável que as praias de fundo de areia e por isso mesmo, mais fácil de prever onde as ondas vão quebrar, dependendo quase que exclusivamente apenas da direção da ondulação e dos ventos para prever o surf. Isso facilita (e muito) onde nós surfistas vamos nos posicionar no outside para pegar as melhores ondas. Além disso, a formação de um canal é mais clara, sendo geralmente mais fácil chegar no outside. 

    O lado ruim dos fundos de pedra é que o caldo pode ser muito pior, especialmente se as pedras forem pontudas. Então se você é iniciante ou não quiser correr o risco de levar pancadas ou se cortar, seja consciente, se respeite e não surf nesses locais. 

    Mas se você estiver confiante, se joga! Point breaks geram ondas perfeitas, podendo ser cheias ou cavadas. Nesse caso, vai depender da inclinação do fundo e da presença ou ausência de lajes.  

    Assim como nos beach breaks, as lajes são como bancos de areia, que configuram uma diferença de profundidade muito grande. Isso leva as ondas a empinarem mais e fazem as ondas quebrarem de forma mais cavada e tubular. Uma praia pode ter um fundo de areia e possuir uma laje de pedra em um ponto específico, gerando esse tipo de onda. 
    Alguns exemplos no Brasil são Matinhos (PR), Praia da Silveira (SC) e Laje de Jaguaruna (SC). No mundo, os mais famosos são J-Bay (na África do Sul), Chicama (no Peru) e Pichilemu (Chile).

     

    _Fundo de coral (reef break) 

     

    Funcionam praticamente da mesma forma que os fundos de pedra, mudando apenas a natureza do mesmo. Como os fundos de coral não são móveis, as ondas quebram sempre no mesmo lugar, facilitando, novamente, o posicionamento do surfista e a formação de um canal. Dessa forma, depende apenas da ondulação e vento certos para que as ondas quebrem. Como também há uma diferença grande de profundidade formada pela bancada de coral, quando uma ondulação encontra o fundo de coral, ela empina mais e formam ondas tubulares perfeitas. 

    Mas nem tudo é perfeito, não é mesmo? Os fundos de corais podem ser um dos mais perigosos em termos de quedas, vacas e caldos, principalmente porque na maioria das vezes eles são muito rasos. Novamente, não se arrisque desnecessariamente. Esteja com o surf em dia se quiser encarar um reef break. 

    Os reef breaks são poucos no Brasil, sendo que os mais conhecidos se encontram no nordeste, como na Praia da Pipa e Baía Formos (RN), Stella Martins (BA) e Scar Reef (BA), além de algumas praias ao norte do ES. Os reef breaks mais famosos do mundo são Pipeline (Hawaii), Uluwatu (Indonésia) e Teahupoo (Taiti).

     

    Bom, deu pra entender que conhecer o tipo de fundo onde você surfa é essencial para garantir um surf de qualidade, certo? Isso é inclusive importante para você poder planejar suas surftrips e não se decepcionar quando chegar no seu destino.

    Então pesquise e busque conhecer os picos onde vai surfar. Outra dica que damos é que também não adianta muito se programar pra surfar sem saber o básico sobre previsão de ondas. E adivinha só? A gente tem um post falando só sobre isso também. Chega aqui pra saber mais! 
    No mais, vamos prezar sempre pela nossa segurança. Respeite os seus limites, se conheça e tente se divertir ao máximo possível, sem correr grandes riscos. Porque o surf é sobre isso! Certo?

    Beijos, boas ondas e divirta-se! 
    Cris

     

     

     


    Leia também: 15 motivos para te inspirar a surfar | 100 posts no blog


     

Compartilhe

Este site utiliza tecnologias como cookies para melhorar sua experiência de acordo com nossa política de privacidade. Ao permanecer navegando, você concorda com estas condições.